«Que o teu filho viva amanhã no mundo dos teus sonhos»
Amílcar Cabral, Outubro de 1944

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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Andorinha em Rota de Ingoré 2011 – apontamento VII

Se um dos principais objectivos da Latitude Zeroº para a expedição Rota de Ingoré 2011 era a de «contribuir para a promoção da Língua Portuguesa, como factor de união entre todos os povos da CPLP», na área do Ensino a Bankada Andorinha organizou a visita a algumas das escolas que fazem parte do Projecto Andorinha – Promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa – um intercâmbio de escolas portuguesas e escolas no sector de Canchungo, Região de Cacheu, Guiné-Bissau.
Era importante que pudessem conhecer escolas que são iniciativas dos próprios guineenses e que são exemplarmente geridas pelas próprias comunidades, que apoiam os directores, professores e alunos, organizadas de forma associativa. No dia 01 de Março a expedição foi encaminhada para visitar a Escola Pública de Iniciativa Comunitária de Cabienque, co-gerida pela AFIR – Associação dos Filhos e Irmãos de Cabienque. A paragem seguinte foi a Escola Pública de Iniciativa Comunitária “Tomás Nanhungue” de Tame – que possui escolas anexas em Pencontche, Guepite, Pepas, Cabeh e Canuan –, co-gerida pela ASSOFITA – Associação dos Filhos de Tame. Por último, foi visitada a Escola Pública de Iniciativa Comunitária “Prof. Henrique Bamba Ferreira” de Canhobe – que possui escola anexa em Teteo – co-gerida pela ASSOFAC – Associação dos Filhos e Amigos de Canhobe.
«São escolas de iniciativa comunitária por diversas razões: a principal é que foram construídas pela própria comunidade onde se inserem, respondendo a uma necessidade que não era realizada pelas estruturas oficiais regionais e nacionais de Educação. Ao mesmo tempo são escolas públicas porque a mesma comunidade, depois de construídas e apetrechadas as salas de aula com as carteiras e quadro negro, as entrega à Direcção Regional de Educação (Ministério da Educação) para que o ensino possa ser reconhecido, bem como o vínculo dos professores efectivos e contratados, os certificados dos alunos, etc.
São escolas de iniciativa comunitária porque para além da direcção da escola existe um Comité de Gestão, que incorpora os representantes da associação de tabanka – é a associação que não só associa os residentes mas, pormenor mais importante, também os denominados “filhos da tabanka”, ou seja, emigrantes, que quer estejam na tabanka ao lado ou em Canchungo ou Bissau, ou no Sénégal, Cabo Verde, Guiné Conakry, ou na Europa (Portugal, Espanha, Suécia, etc) não deixam de pagar as respectivas quotas e participar na definição das necessidades da sua terra! [O povo mandjako é das etnias que mais emigra da Guiné-Bissau]
São igualmente escolas de iniciativa comunitária porque a comunidade paga um subsídio aos professores, sobretudo a pensar nos professores contratados, que é o que permite que as aulas se iniciem o mais depressa possível, não esperando pela abertura oficial do ano lectivo decretado pelo Ministério da Educação! Quando esse subsídio provém do orçamento geral da associação de tabanka, da quotização global dos seus associados, representa um empenho e compromisso de toda a comunidade para com a sua Escola; quando o subsídio provém dos pais que têm alunos na escola poderá pôr em causa o princípio do ensino universal e gratuito consagrado na própria constituição da república mas não deixa de vincar um compromisso da comunidade para viabilizar a sua Escola.»
Segundo dados recolhidos no ano lectivo de 2007-2008, num trabalho liderado por Faustino Paulo Mango, estatístico da Direcção Regional de Educação, a Região de Cacheu contabilizava 58 Escolas Públicas de Iniciativa Comunitária, ou seja, 28,7% do parque escolar da região.
 De regresso a Canchungo, visitamos a Escola Prof. Antero Sampaio, que deu continuidade à herança da fundação em 1948 da Escola de Missão Católica, e hoje em dia continua a ser uma referência, por todos reconhecida, do ensino em Língua Portuguesa. Em particular, foi momento alto a homenagem que obsequiamos ao actual director, Padre José Marques Henriques, o português residente há mais tempo nesta cidade – profundo conhecedor, e também defensor, do kriol e da língua mandjaka.

1 comentário:

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