Andorinha pretende abrir asas e voar entre Portugal e Canchungo, entre a Europa e a Região de Cacheu na Guiné-Bissau – promovendo uma ponte entre duas culturas de migrantes...
«Que o teu filho viva amanhã no mundo dos teus sonhos»Amílcar Cabral, Outubro de 1944
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Região de Cacheu - Guiné-Bissau
Como muitos de vocês conhecem, a Guiné-Bissau é um pequeno país situado na costa ocidental africana, à beira do Atlântico Norte, entre o Senegal (a Norte) e a Guiné-Conakry (a Sul). Cobre uma área de 36.135 quilómetros quadrados. A população ronda o milhão de habitantes e é composta por cerca de 16 diferentes grupos étnicos. É considerado um dos mais pobres países de Mundo, classificando-se em 172º entre 177 países, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2005), sendo que 88% da população dispõe de menos de um dólar [0,74 euros] por dia, vivendo abaixo da linha de pobreza de pobreza absoluta*.
A Região de Cacheu, contudo, situada na zona litoral norte, cujas rias e marés, lhe conferem uma fisiografia característica, profunda e caprichosa recortada, é uma zona de grande potencial agrícola e de natural biodiversidade. O arroz, por exemplo, encontra condições de excelência para o seu cultivo nos ricos aluviões marinhos que constituem as bolanhas que marginam as rias**. Por outro lado, a constituição do Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, vem reconhecer a importância ecológica do mangal, que representa a mais importante área da África Ocidental, apresentado enormes vantagens comparativas que convém investigar e valorizar***.
Na Região de Cacheu, constituída por seis sectores administrativos, habitam diversas etnias (Felupes, Mancanhas, Papéis, Balantas e outros) e, sobretudo a sul do rio Cacheu, vive uma maioria de povo Manjaco e são comummente Animistas, com uma minoria significativa de Católicos e uma pequena minoria de Muculmanos. Os manjacos são um povo emigrante, escolhendo essencialmente destinos próximos como Senegal e Gâmbia e, em alternativa, têm uma significativa presença em Portugal, Espanha e França. Como emigrantes mantêm uma forte ligação com a sua região e respectivas tabanka (aldeias), sendo importantíssimo as remessas das economias para as suas famílias – similar a grande parte das regiões do interior de Portugal!
[*Brito, Brígida Rocha (2006), «Estudo Socioeconómico e Diagnóstico para Acompanhamento das Condições de Bem-Estar das Famílias da Região de Cacheu», Instituto Marquês de Valle Flôr | Acção para o Desenvolvimento, Portugal | Guiné-Bissau.]
[**Mendes, José Luís Morais Ferreira (1969), “Problemas e Perspectivas do Desenvolvimento Rural da Guiné”, Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, Volume XXIV, nº 94, Abril 1969, (245-284), 52 p.]
[***Silva, Aristides Ocante da (2002), “Dimensão Ecológica e Socioeconómica das Zonas Húmidas na Guiné-Bissau”, Soronda – Revista de Estudos Guineenses, Nova Série nº 3, Janeiro 2002, p. 51-76]
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