«Que o teu filho viva amanhã no mundo dos teus sonhos»
Amílcar Cabral, Outubro de 1944

postal

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Toka tchur


CHORO
Jan Muá


"A mim vai na tchoro"
Lá no Canchungo
Et! Batassa
Eh parente
Tam-tam
Eh bombolom...

Eh barro branco da bolanha
Eh máscara cinza

Eh Batassa
Eh irmão
A bó muita mantenha
Eh tripa de vaca
Eh dança
Eh inselência
Eh morto
Eh silêncio
Eh Barsi
Eh irã da morte
Eh vida
Eh vós verdadeiros
Que estais ainda chorando
A parentela
Eh Batassa
Tam-tam...
Am...am...

Jan Muá
Canchungo 1964

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Este é um poema integrado no gênero da "Etnopoesia"


GLOSSÁRIO

"Choro" -conjunto de rituais celebrados por ocasião do falecimento de uma pessoa na etnia dos povos animistas na Guiné-Bissau
"Batassa": uma das famílias principais entre os manjacos, do grupo brame.
"bombolom": intrumento musical, espécie de tamborim tirado do côncavo do tronco de uma árvore
"inselência": era uma parte dos rituais do choro em que se lembravam os nomes dos falecidos da família, quase uma ladainha
"Barsi" - deus entre os Brames
"bolanha" - várzea para arroz, arrozal
"irã" -demiurgo ou intermediário entre a divindade superior e os humanos entre os povos animistas da Guiné
"mantenha" - saudação, em crioulo
"Canchungo" - cidade da região dos manjacos, conhecida entre os portugueses pelo nome de Teixeira Pinto

[retirado de www.usinadeletras.com.br]

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